quinta-feira, 29 de maio de 2008


A prefeita de Olinda-PE, Luciana recebe o casal.

O artista finaliza sua obra

Goya


Goya
Josael foi o primeiro presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Pernambuco – AAPP (1969/1970), engajado na luta pela liberdade de expressão artística e a favor de uma participação mais justa dos artistas pernambucanos, sempre relegados pelos movimentos culturais do eixo Rio - São Paulo. Juntamente com o multimídia Jomar Muniz de Brito e contando com o amplo apoio dos principais artistas, redigiu e assinou o manifesto (5/março/1970) de boicote à Pré-Bienal de São Paulo no Nordeste prevista para julho daquele ano, que foi divulgado em larga escala pela mídia. O real motivo foi o vigoroso movimento realizado por artistas do mundo inteiro que se recusaram em participar da 10ª Bienal de São Paulo no ano anterior (1969), como protesto ao regime ditatorial vigente no Brasil e esse também foi o argumento dos artistas plásticos locais. Tornava-se mais explícito que a Fundação Bienal de São Paulo - que sempre relegou os artistas nordestinos - viesse se redimir e pedir ajuda naquele momento e somente agora, mal disfarçando o seu engodo e pior ainda, escondendo o seu desgaste em todo o ambiente cultural brasileiro, resolveu apelar para o Nordeste, em termos de Pré-Bienal. Chega de colonização interna! Por isso, o movimento coordenado pela AAPP, resolveu: I. fazer a sua desmistificação diante do público, sem qualquer ressentimento nem falso regionalismo; 2. evidenciar, através deste manifesto, a unidade de pensamento e ação dos artistas plásticos pernambucanos, exceção óbvia daqueles já “alimentados” e “tragados” pela cultura oficial; III. sugerir/reivindicar do Governo de Pernambuco, junto com outras entidades, a doação de verba para realizar um Salão (Documento Nacional de Artes Plásticas) em âmbito nacional, sem paternalismo nem grupismo, ao invés de “proteger” (ou “promover”) a famosa e milionária Fundação de São Paulo, responsável pela Bienal, feudal e Cosmopaulista. O NÃO à Pré-Bienal, foi um grito de alerta e os artistas alegaram que essa ajuda que os governos nordestinos vão dar para a Fundação Bienal de SP, poderia ser revertida para o Salão/Documento Nacional e que o mesmo fosse realizado neste Estado, pois traria mais força e expressão para o movimento artístico da região. Outro motivo mais contundente seria a seleção dos artistas e das obras que obviamente, passaria pelo crivo dos “críticos do sistema”, uma prática de praxe em plena ditadura, e a AAPP combateu-a veementemente pela mídia nacional já que o assunto era palpitante e Josael como presidente, era muito solicitado por jornalistas do Recife, do Rio e de São Paulo a dar entrevistas. Nessa época, aconteceu um fato lamentável provocado por uma “foca” da sucursal do Jornal do Brasil em Recife numa reportagem equivocada e irresponsável, publicada por esse veículo (JB, domingo, 1º e 2ª feira, 2/3/70), com informações inventadas pela jovem estagiária, o que viria a provocar desentendimentos entre os pintores convidados “oficialmente” pela Bienal e Josael. E um fato manipulado aconteceu nesse ínterim, quando um inexpressivo colecionador e outros “amantes das artes” ávidos para aparecerem na mídia, intrometidos na questão e por interesses pessoais - esse assunto foi comentando irrestritamente em Olinda e Recife - se posicionaram a favor desses pintores convidados, desviaram o assunto principal em questão e Josael foi mal interpretado, alvo de inveja e de mesquinhos e parcos ataques pessoais do tipo “ele está querendo um lugar ao sol...” numa precipitada e contraditória reportagem no Diário de Pernambuco (08.03.1970). Houve uma indignação a essa reportagem por parte dos pintores que foram solidários ao artista - um jovem talentoso de 23 anos, premiado pintor e presidente da AAPP, como os críticos de arte a ele se referiram - e redigiram um longo e expressivo texto que foi publicado na capa do Caderno IV do Jornal do Commercio (Recife, domingo, 15.03.1970) pelo jornalista Celso Marconi em repúdio a essa reportagem no DP. Os artistas que assinaram o manifesto: José Cláudio, Wellington Virgolino, Anchises Azevedo, Adão Pinheiro, Guita Charifker, Paulo Bruscky, Ismael Caldas, Wilton de Souza, Sylvia Pontual, Emanoel Bernardo, Roberto Lúcio, Valdir Coutinho, Tonico Mendonça, Daniel Santiago, José Tavares, Zezé Malta, Jobson Figueiredo, Conceição Cahú, entre outros. Josael fez o projeto de decoração Carnaval tropical para o Clube Náutico Capibaribe, Recife, jan./1970. Foi membro do júri de seleção e premiação da I Exposição dos Novíssimos de Pernambuco, 1971; do Salão FORMIPLAC (de âmbito Nacional), Recife, junho/71; aulas de francês com Jean Henry Charles Boyer. 1972: produziu o programa Top Set para a TV Rádio Clube, a convite do colunista e apresentador João Alberto (incluiu no programa artes plásticas, literatura, MPB e música clássica, dança, teatro cinema); participa do Congresso de Design promovido pela SUDENE e UFPE. 1974: curso de inglês (Recife) e intensivo de inglês e espanhol no Instituto de Estudios Norteamericanos em Barcelona-España a convite do diretor Allan Arthur Rogers; curso de francês na Alliance Française em São Paulo-SP. Foi jurado do Prêmio AESO (Associação do Ensino Superior de Olinda) de Cultura Pernambucana (Artes Plásticas), nov./1999; Jurado do Salão de Desenho, Pintura e Fotografia dos Correios, Recife, janeiro/2000. Lay-out de catálogos para exposição de artistas pernambucanos e paulistanos; cartazes (Balé Flávia Barros, EMETUR, Feira de Camping, X Congresso de Municípios de Fortaleza, Brasília, Salvador e São Paulo); Programações visuais e logomarcas para a Associação dos Artistas Plásticos de Pernambuco (AAPP), Galeria Portinari, de Marcelo Peixoto, e empresas de Sérgio Guerra, Emílio Schüller, entre outras, de Pernambuco e de São Paulo (Méta - escritório de advocacia); 1976: Estudou técnicas de gravura em metal e aquatinta, com Maria Helena Ribeiro de Souza em São Paulo; autor de várias litografias - edições exclusivas - com José Carlos, João Negrão, Atelier Ymagos de Gravuras, em São Paulo, no ateliê de Adelson Oliveira (Recife), Josael Atelier Galeria Espaço Arte e Oficina Guaianases na Ribeira em Olinda e Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1976/1996; 1985: estudou técnicas de gravura em metal com Maria Helena Ribeiro de Souza e metal - a maneira negra - com Alex Ceveny no Museu Paço das Artes de São Paulo-SP. Realizou três pinturas (grandes dimensões) para o Banco Noroeste de São Paulo - Agência Brasília-DF, julho/1980. Participou várias vezes como jurado do programa É Proibido Colar, produzido e difundido pela Rádio e Televisão Cultura - RTC de São Paulo (1986), sob o comando de Antônio Fagundes e Clarisse Abunjanra. Esse programa previamente gravado abrangia os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília-DF.